segunda-feira, 20 de abril de 2009

Saudades e nada mais.


Pensamentos avulsos no meio de uma tarde solitária...









Hoje preciso de ti...

Não sei se do teu olhar, das tuas mãos, do teu sorriso, da tua voz ou simplesmente da tua escrita. As palavras têm o poder de fazer nascer de novo a esperança, da mesma forma que conseguem pôr por terra qualquer ilusão.

Muitas vezes é a ausência das palavras que faz com que tudo fique vazio, sem sentido. Hoje sinto-me um pouco assim, vazio, porque aos poucos, todas as tuas palavras se perderam por becos, por montes, por vales em forma de eco, mas sem chegarem a mim. Eu, que preciso das tuas palavras.

As palavras encantam-me. O poder que elas contêm, sabes? Por isso me é sempre tão importante conseguir acreditar no que me dizem as bocas, no que me escrevem as mãos.

Como se fosse o principio e o fim de tudo. Mesmo que a vida já me tenha ensinado que no fim, resta nada. Nem sequer as palavras...

Hoje, particularmente hoje, sinto-me cansado. Das palavras. De as escrever, repetidamente, misturá-las umas com as outras para te dizer o que existe aqui dentro. Deslizam de mim pela ponta dos dedos mas não dizem o que sinto, o que quero. Escrevi-te tantas só para te dizer... mas não fui capaz... parece-me que escrevi muito, mas mesmo assim, não o suficiente para que através delas entrasses em mim para saberes como é.

Esgotei as palavras. Enquanto me desgastei nas esperas. Inevitavelmente teria de ser assim.

Hoje queria dizer-te tantas coisas e faltam-me as palavras...
Este silêncio em vez de ti, corrói por dentro.




[...]




Palavras eu não fabrico, ambaralham-se desconexas, dançam soltas pelo ar, ordená-las tento, porém nem sempre a contento, não desisto, não as deixo até esse quebra-cabeça
formar.

Busco os traços, rabisco linhas, envergo retas, corto caminhos, busco atalhos.

Não conto um conto apenas por contar, se o conto é porque teve um conto que me deu motivo de contar...

Não versejo por versejar, se versejo é porque os versos se fizeram alinhados cada um no seu lugar.

Não proseio por falta do que falar, proseio porque essa é a forma que encontro para meus casos relatar.


Não poeto por poetar, se poeto em forma de rimas despretensiosas é porque nesse poetar eu encontro meu sonho de vida, minha forma de brincar.

Brinco com gosto e com palavras...

Seco a lágrima que teima em cair enquanto meus pesadelos teimam em persistir...
Estou sentimental demais?
Não desejo nenhuma recompensa, só quero que isso acabe.... Ou será que vai é começar?









"Feliz daquele que no livro d'alma não tem folhas escritas e nem saudade amarga, arrependida, nem lágrimas malditas!"





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domingo, 19 de abril de 2009

Meu câncer



Acendeu outro cigarro, desses que você fuma o dobro para evitar a metade do veneno, mas não é no cérebro que tenho câncer, doutor, é na alma, e isso não aparece em check-up nenhum.




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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Recitando


"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."

[Clarisse Lispector]




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domingo, 12 de abril de 2009


Que importa, no fim de contas? As mentiras não conduzem finalmente à via da verdade? E as minhas histórias, verdadeiras ou falsas, não tenderão todas para o mesmo fim, não terão o mesmo sentido? Que importa, então, que sejam verdadeiras ou falsas se, nos dois casos, elas são significativas do que fui e do que sou? Vê-se mais claro, por vezes, naquele que mente que no que fala verdade. A verdade cega, como a luz. A mentira, pelo contrário, é um belo crepúsculo que põe cada objecto em realce. Enfim, entenda como quiser, mas eu fui nomeado papa num campo de concentração.


[Albert Camus]





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sexta-feira, 10 de abril de 2009



"Mas não seria natural. Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem. Natural é encontrar. Natural é perder. Linhas paralelas se encontram no infinito. O infinito não acaba. O infinito é nunca. Ou sempre.".

[Caio Fernando de Abreu]




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domingo, 5 de abril de 2009

Essa é especialmente pra mim.


"Escuta aqui, tua dor não me importa. Estou cagando aos montes para tuas memórias, pras tuas saudades. As pessoas estão enlouquecendo, sendo presas, indo para o exílio, morrendo de overdose e você fica pelos cantos choramingando o teu amor perdido. Foda-se esse rei-ego absoluto. Foda-se a sua dor pessoal, esse seu ovo mesquinho e fechado".

[Caio Fernando De Abreu]




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