quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

[...]








"Quando a gente é forte, - quem se afasta? Muito fresco, - quem cai no ridículo? Quando a gente é mau, que fariam de nós? Se arrume, dance, ria,- Nunca pude mesmo jogar o Amor pela janela."



[Arthur Rimbaud]





[...]

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Crise de existência[?]


"Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total. Até a próxima morte, que qualquer nascimento pressagia".

[Caio Fernando de Abreu]






sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Recaída



Algumas vezes eu podia até sentir o gosto
dos meus lábios, parecendo um sorvete de baratas.
O cheiro da minha pele queimada e o grito de
traição assombravam meu sono, até mesmo agora,
depois de tanto tempo.
Balancei a cabeça para não dormir.
Se eu gritasse, o som se perderia
na espessa escuridão do meu quarto.
Esfregando os olhos, peguei desajeitadamente
o maço de cigarros ao lado da minha cama...
E distraidamente risquei o fósforo para acender
a porcaria.
Uma faísca lançou um pequeno brilho
sobre as paredes imundas,
e então desapareceu num sussurro.
Fumaça nova misturou-se com o ar parado,
enquanto eu forçava a respirar lentamente
mais calmo, concentrei-me no livro à minha frente.
Imagens que antes eu acharia obcenas,
agora oferecia-me familiaridade,
um descanso bem-vindo dos horrores do passad
Apesar de sentir um pouco de arrependimento
pela dor que causei a mim mesmo,
toda culpa abandonou-me bem antes do renascer.
Para que servia o arrependimento
se eu já estou condenado ao INFERNO?
O barulho inspido das cinzas caindo na página
interrompeu meu desvaneio.
O som me trouxe de volta para o presente.
Melhor não ficar pensando nessas escolhas difíceis.
Os rabiscos arcanos me chamavam,
me seduziam com saberes que já eram antigos,
antes mesmo do Dilúvio.
Terminei meu cigarro com o último trago pesado,
espalhando as cinzas com um aceno,
e paroximei-me ainda mais no indescrítivel.
Ainda há tanto a aprender...
Mas Deus e o Diabo sabem que eu paguei o preço
por isso.






domingo, 2 de novembro de 2008

Nova Era.


O cérebro humano, é um órgão estranho. É capaz de ajustar e se adaptar a qualquer coisa. Quando se é bebê, não se enxerga muito bem, e as coisas estão de ponta-cabeça, porque você acabou de sair de um pacote. Conforme se vai crescendo, depois de alguns dias ou meses, seu cérebro o "tapeia" para que você acredite que tudo está na posição certa. Basicamente, a mesma coisa aconteceu comigo. Meu cérebro me "tapeou" para me fazer pensar que a carga extrema era a única carga que existia.

As coisas eram assim mesmo. Eu não consigo sentir nada agora. Meus nervos estão mortos e só consigo sentir extremos.






terça-feira, 7 de outubro de 2008

Acalma a alma e o coração,já já passa. (você vai ver)





Aprendi a amar sob o signo do efêmero, avisado de que a qualquer momento podia me flagrar vivendo de mentira ou despencando de uma torre muito alta que a mim não pertencia. Alfabetizei o peito e os olhos para acolher o adeus a qualquer momento e por qualquer motivo, em muitas línguas, de muitas formas, mesmo sussurrado em ausência e silêncio. Eduquei os braços para o regresso do vazio e os pés para dar meia volta e seguir noutra direção, como se o amor fosse frágil, perecível, volátil, fugidio, como se eu nunca fosse capaz de fazê-lo vingar, ou não merecesse permanência, mais que uma miragem, um presságio, um trailer. Peço perdão se não sei mergulhar no que para mim sempre foi um poço raso demais. Para isso é preciso mais que certezas. Para isso é preciso fé.






domingo, 21 de setembro de 2008

Dia ruim... Tédio insuportável.


.. A fumaça ...



O silêncio...

O som...

O calor...





Acendo mais um cigarro...


Escrevo o que apuram meus ouvidos o que toca meus sentidos o que mageia o inconsciente, apenas escrevo e nem sempre sinto o que sentem os que a minha volta rodeam.

Filtro sons, rabisco idéias, alinho dores que sequer são minhas, delego poderes à imaginação por força de um desejo sem limite, amargo ou doce, deveras intensa.

Certifico-me da procedência da fonte que dignamentamente preenche a solidão onde mais gosto de estar, meu prazer atual.

Escrevo num sétimo sentido, medindo impotência, somando gostos, apurando sentidos.



.
.
.




É sabido que gosto de vinho, é sabido que bebo vinho, é sabido que adoro o torpor que o vinho causa, só sabido que como queijo para sorver o vinho causa, é sabido que invento motivos para chegar ao vinho, só não era sabido que hoje estaria insosso e nem o gosto do vinho surtiria prazer em mim...






sexta-feira, 19 de setembro de 2008

[Ø]





Vazio:




Do lat. vacivu





Adj.,





Que não contém nada ou só contém ar;

esvaziado;

despejado;

desocupado;

despovoado;

desprovido;

destituido;







fig.,



fútil;

frívolo;

vão;

falto de inteligência;







s.m.,



vácuo;





pop.,



hipocoôndrico;






É?


Então tá...






.






Engasguei-me num grito

engolindo palavras e vomitando vontades.










Todo dia amanheço e nunca me [re]invento



Por incrível que pareça



Hoje não foi diferente.











terça-feira, 9 de setembro de 2008

Quietu[de]...












[passei a entender o teu silêncio]

[e a silenciar pós o entendimento]

[!]











Cálice de Cicuta


.

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Um brinde ao Medo

Por nos manter alerta.

E um brinde ao Sono

Por nos fazer entender.



Um brinde às raízes que coroam

(Que nos colocam em lugar nenhum).

Um brinde às asas risíveis

(Que nos levam a lugar nenhum).



Um brinde à Véspera

Do Dia que nunca chegará.

Um brinde à Retirada

Para aliviar a dor.



Um brinde à Resistência

(Rindo de nós mesmos)

Um brinde à Derrota

- Como você ousa chegar tão tarde?



O cálice está vazio

Não mais será cheio

E todos os sedentos

Podem agora se aproximar...



O Antídoto...



.

.

.

.



O óbvio nem sempre é o que parece ser.


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

[Fernando Pessoa]





[Espera]nça Prt. II








O fruto proibido...
O inexorável desfecho do não-permitido, do oculto.
A descoberta fatal e o arrependimento singularmente simultâneo.
Benção/Maldição.
O píor de todos os males...











[Espera]ança








segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O som do [meu] coração


Quando a única pessoa que você procura
Não se encontra em canto algum
E você intensifica de volta todos seus passos
Tentando descobrir
Você quer procurar
Você quer desistir

.


Sua cabeça está presa em volta no que envolta é a próxima esquina
Você deseja poder encontrar algo seguro
Por que está tremendo de frio
É a primeira coisa que você vê enquanto abre seus olhos
A última coisa que você diz enquanto está dizendo adeus
Algo dentro de você está chorando e te guiando
Pois se você não tivesse me encontrado
Eu teria encontrado você[...]





[Espera]nça Prt. I


[...]

Sei.

você está

esperando por alguém

que talvez não vai chegar.

mas a esperança a mantém

[...]







domingo, 7 de setembro de 2008






"Tanto a semente intacta,

como aquela que está rompendo sua casca

tem as mesmas propriedades.

Entretanto,

só a que está rompendo sua casca

é capaz de lançar-se na aventura da vida.

.

Esta aventura requer uma ousadia única:

descobrir que não se pode viver através da experiência dos outros

e estar disposto a entregar-se.

Não se pode pegar os olhos de um,

os ouvidos de outro,

para saber de antemão o que vai acontecer,

cada existência é diferente da outra.

.

Seja o que for que me espera,

eu desejo estar com o coração aberto para receber.

Que eu não tenha medo de colocar o meu braço no ombro de alguém,

até que ele seja cortado.

Que eu não tema fazer algo que ninguém fez antes,

até que seja ferido.

Deixe-me ser tolo hoje,

porque a tolice é tudo que eu tenho para dar esta manhã;

eu posso ser repreendido por isso,

mas não tem importância.

Amanhã quem sabe, eu serei menos tolo."

.

[Khalil Gibran]







À el[a]


"O que é um espelho? é o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio (...) - esse alguém percebeu o seu mistério de coisa."

[Clarisse Liscpector]






sábado, 6 de setembro de 2008

Des[ligamento]



.
.
.
.

e em um dia como em outro qualquer


decidi parar e pensar

.

pensei nos rostos sem fisionomias que me cercavam

nas palavras de quem ainda não tinha analogia própria, e mesmo assim persistia

.

percebi que minha fragilidade não mais existia

que pessoas importantes se distanciavam, dando lugar a outras

[não que fossem substituíveis]

.

percebi que embora as adversidades de uma noite tempestuosa

pela manhã seguinte o sol sairia

.

passei a organizar minha gaveta

[sem música]

[sem dança]

[sem fundo]

[sem fundamento]

.

deixei de viver histórias antigas

viver de papéis e recordações

.

queimei vidas que se passaram

destrui o que restava

[fui infeliz por ser feliz!]

.

desde então, ao fechar portas, deixei outras abertas

não quis correr o risco

de perder as chaves novamente

de, no outono, permanecer sozinho

.

ainda uso o espelho pra provar

[pra mim mesmo]

que sou forte

e que a covardia não me abateu

.
.
.
.





SilênciO [.]




.


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"[...]

impiedosamente

muito caiu

como as folhas no chão

[...]

pesadas são as palavras que caem no ar

para pesar os seus ombros

[...]"

.

[Inner Garden]

.

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[De]cifra-me ou devoro-[te]




Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que se pensar.

[Fernando Pessoa]






sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A cura de Schopenhauer Prt. III



A maior sabedoria é ter o presente como objetivo maior da vida, pois ele é a única realidade, tudo o mais é imaginação. Mas poderíamos também considerar isso nossa maior maluquice, pois aquilo que existe só por um instante e some como sonho não merece um esforço sério.






A cura de Schopenhauer Prt. II



É interessante que, além da vida real, o homem sempre tem uma segunda vida abstrata onde, com calma deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.






A cura de Schopenhauer Prt. I


Cada vez que nós respiramos, afastamos a morte que nos ameaça. (...) No final, ela vence, pois desde o nascimento esse é o nosso destino e ela brinca um pouco com sua presa antes de comê-la. Mas continuamos com grande interesse e inquietação pelo maior tempo possível, da mesma forma que sopramos uma bolha de sabão até ficar bem grande, embora tenhamos absoluta certeza de que vai estourar.






As máscaras sempre caem



«As pessoas afivelam uma máscara, e ao cabo de alguns anos acreditam piamenteque é ela o seu verdadeiro rosto.E quando essa lhe é arrancada,ficam suas faces em carne viva, doloridas edesesperadas, incapazes de compreenderque o gesto violento foi o melhorde respeito que poderíamos dar.»