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e em um dia como em outro qualquer
decidi parar e pensar
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pensei nos rostos sem fisionomias que me cercavam
nas palavras de quem ainda não tinha analogia própria, e mesmo assim persistia
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percebi que minha fragilidade não mais existia
que pessoas importantes se distanciavam, dando lugar a outras
[não que fossem substituíveis]
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percebi que embora as adversidades de uma noite tempestuosa
pela manhã seguinte o sol sairia
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passei a organizar minha gaveta
[sem música]
[sem dança]
[sem fundo]
[sem fundamento]
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deixei de viver histórias antigas
viver de papéis e recordações
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queimei vidas que se passaram
destrui o que restava
[fui infeliz por ser feliz!]
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desde então, ao fechar portas, deixei outras abertas
não quis correr o risco
de perder as chaves novamente
de, no outono, permanecer sozinho
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ainda uso o espelho pra provar
[pra mim mesmo]
que sou forte
e que a covardia não me abateu
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1 comentário:
belíssimo texto. É de qual autor?
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