sábado, 6 de setembro de 2008

Des[ligamento]



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e em um dia como em outro qualquer


decidi parar e pensar

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pensei nos rostos sem fisionomias que me cercavam

nas palavras de quem ainda não tinha analogia própria, e mesmo assim persistia

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percebi que minha fragilidade não mais existia

que pessoas importantes se distanciavam, dando lugar a outras

[não que fossem substituíveis]

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percebi que embora as adversidades de uma noite tempestuosa

pela manhã seguinte o sol sairia

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passei a organizar minha gaveta

[sem música]

[sem dança]

[sem fundo]

[sem fundamento]

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deixei de viver histórias antigas

viver de papéis e recordações

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queimei vidas que se passaram

destrui o que restava

[fui infeliz por ser feliz!]

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desde então, ao fechar portas, deixei outras abertas

não quis correr o risco

de perder as chaves novamente

de, no outono, permanecer sozinho

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ainda uso o espelho pra provar

[pra mim mesmo]

que sou forte

e que a covardia não me abateu

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1 comentário:

kátia Michelle disse...

belíssimo texto. É de qual autor?